domingo, 16 de agosto de 2009

Nona Parte

Nova perspectiva de vida.


Um velho dirigia-se aquela notória praça, a fim de tranqüilizar-se com sua própria essência. Levava consigo seus objetos de pintura. Planejava transpassar para a branca tela uma nova imagem que tivera visto dessa praça. Estava ela hoje ornamentada para um ato efervescente, parecia até que as crianças que ali brincavam; os cachorros que corriam; as velhinhas que cochichavam da vida alheia; os passarinhos que chilreavam o horizonte que se iniciava; sabiam a grandiosidade representativa daquele dia. Todos estavam impecáveis, prontos para serem personificados em uma tela com cores motivadoras de uma alegria borbulhante.

Não, não!Isso não esta certo! Embora haja ideais libertários, a expressão que aqui vejo... Esse cubismo invadiu minha pintura! O que há aqui são formas de um obscurantismo geométrico cujas cores dialogam sobre um cinza monocromático que persiste a clamar pelo negro e seus afins. Isso não esta certo.

Fitava a obra coçando sua careca de poucos fios prateados. Sem saber o que fazer, afligia-se. Os seres e as coisas notaram sua inquietação, mas tentaram manter a calma, mostrando ao velho homem que a resposta era evidente e o botão da solução estava prestes a brotar. Já sujo com a tinta que usara, percebeu o contraste entre essa e a coloração da praça.

Por que esperar se eu posso fazer o futuro acontecer agora?

Dessa perspectiva descontínua decidiu remontar a pintura com a subjetividade e a irracionalidade que era inerente ao pintor e a obra, decidiu não jogar fora a tela- queria usar esse estrume como matéria-prima para a flor que fora citada, uma flor que seria cheirosa e sã. Foi buscar no subconsciente dos sonhos a inesgotável sabedoria para recriar-se, mas diferente do surrealismo, usou da coerência da sua aquarela para adequar a imagem que deveria ser pintada com o equilíbrio de seu expressionismo real.

Formidable, entonces mi preciado, ¿Qué te parece?

Cravou seu olhar com obstinação naquele chafariz que se encontrava no meio daquela tela- agora de cores vivas que brincavam entre elas; cochichando o outrem; chilreando a liberdade das palavras; correndo para o cordial afago.O sol parecia tê-lo tornado vivo. E foi nessa pupila aquosa que o velho homem viu o mais lindo reflexo de sua vida

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