domingo, 8 de fevereiro de 2009

O novo desfilar dos passos



Havia um campo límpido e plano no início da era.Sobre um sol motivador planejei a construção de um reino onde o amor reinaria.Neste mesmo dia, tinha partido de casa,mas desta vez para sempre.Só não imaginava que a baba de Caim espreitava meus planos.

Usei um papiro de expectativas e a tinta da imaturidade para arquitetar meu reino.Aos poucos o fui edificando com pedras de ilusão.O trabalho foi árduo e a medida que o continuava minha razão se exauria. No fim da obra, contemplava, a meia noite, um sol e o fim do meu ser.

Ouvi dizer que a incoerência tinha se casado com a mentira.Felizes eles sejam! E foram,depois de usurparem meu reino,depois de me aprisionarem num cubículo espelhado em que abutres vinham devorar-me a carne, lamber meu sangue. "Senti-me só, fraco e sujo".Ciúme,frustração e egoísmo.Malditas aves! Minha essência fluía,efusiva e gasosa, exposta como meu frágil esqueleto,mas que ainda me sustentava.Quanta dor.

Braços pequenos,dedinhos minúsculos com um sorriso incompleto,mas tão feliz.brincava com seu quebra-cabeça pedagógico.Tinha uma venda branca como leite,como a luz que nascera dentro da minha mente e me cegou.Não sabia falar,mas seu olhar me dizia obrigado.Encaixou a última peça com ar de aceitação .Aceitação de amigo.Chamava-se sonho.

Uma enchente de lágrimas epifânicas levaram aquele inferno pessoal consigo.Vejo-me metamorfizado em uma ave solitária.Conhecendo o mundo e aprendendo com ele.Sozinho, mas feliz.Essa é minha inerência.

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