sábado, 14 de fevereiro de 2009

O Bardo Irlandês

Pele gélida de respingos solares como o fim do inverno túndrico,profundos olhos contornados pelo presságio da velhice,cabelos de um ferro negro em contínua oxidação.De arquétipo jocoso, nos intriga com todo seu surreal timbre melancólico.Como ele consegue brincar com a hipocondria sem se ferir?

Aí vem o Bardo Irlandês,caminhando sem sua perífrase Sancha,mas com seu intríseco violão.Marcha sob um espreitante luar amareleciador,em uma ruazinha de pedras com aparência medieval.Há casas e casebres,todas de um rústico exarcebado,pois mais parecem um sepulcro abandonado a uma moradia humana.

Posicionou suas mãos,contornando-o.Com a precisão estratégica, iniciou o vibrar harmônico das cordas,atrelando-as a seu canto.Canto de fados tristes.Luzes se acedem, uma por uma, casa por casa, a fim de dizer que ainda há vida nessas tumbas.Repentinamente a ruazinha de pedras com aparência medieval ganha o fogo da inquisição.Atenção moradores!Seu carrasco já começou a cantar.

São duas garotas de mesma forma,mas de essência heterogênea, as primeiras a sair."Quem é ele?!", sussuram as Gêmeas que pensam demais.Na casa adiante surge um velho exasperado. "Quem é você", pergunta o Velho saciado.A música simplesmente continua.Ao lado da casa deste, surge um garoto de seus 14 anos, enrolado a um lençol.Cães ladram, mas a Mãe e o bebê apenas observam tudo do seu árido quintal, ao lado da casa das Gêmeas que pensam demais.

-Ora, ora se não é aquele velho ranzinza.É impressão minha, ou ele chora?!
-Nós não temos nada com isso, deixe-o em paz.
-Nada disso, venha comigo.
-O que você vai fazer?
-Atravessar a rua e vasculhar a mente desse velho.

Um olhar que carrega a imensidão do vazio.Não, essa só é a mascara que ele usa,aos poucos se quebra.A música é encarregada desse mal.Mal?Ou será bem?
-Um brinde querida.Um brinde para você e seu amante.Esperei anos por você.Você me deu três cigarros para eu parar de chorar. E eu morro quando você menciona o nome dele.E eu menti!Bem, eu não sei se eu estou errado, porque ela acabou de ir embora.Um brinde à outro relacionamento
bombardedado pela minha doente raça de gametas.Eu tenho certeza que quando eu for mais velho, eu vou saber o que isso significa.Chorei quando ela deveria e ela riu quando ela pôde. Um brinde ao homem com a cara na lama.
-O que ele esta dizendo?
-Não sei!Deve ser mais um surto intimista.A idade ajuda nessas questões.
-Deuses,você é escrota!
-Então vovô, o que faz ela vir?E o que faz ela ficar? O que faz o animal correr, correr pra longe?O que faz ele cavalgar, o que faz ele permanecer?
E o que agita o elefante agora?E o que faz um homem?
-Eu não sei, eu não sei,eu não sei.Não,não,não...Eu não sei se estou errado, porque ela acabou de ir embora. E eu fugi porque pude.
-Muitas opções podem matar um velho.
-É verdade, mas eu sou o professor e sinto que deveria saber.Inferno! Eu não conheço mais você!
-Pare com isso! Não percebe que é uma peregrina, vivendo na indigência de um cuco?Daquela ave parasita que injeta o veneno da morte programada nos lares alheios?Venha irmã,não me rejeite e seremos felizes.

Pobre garota,pobre Sandice, chora como uma mãe que ao perder o segundo filho, espera que as lágrimas a consolem. E mais um Babel desaba, se o chorar da Sandice já é extraordinário, imagine ver o Garoto enrolado ao lençol ser visto com frio, sem ele. Com olhos grandes curiosos, aproxima-se dele uma das Gêmeas que pensam demais.
-Não se segure dessa maneira.Você machucará os seus joelhos.Beijei a sua boca e costas,isso é tudo que eu preciso.Não construa o seu mundo em volta,vulcões te derreterão.
-O que eu sou para você, não é real.O que eu sou para você, você não precisa.O que eu sou para você, não é o que você significa para mim.Você me dá milhas e milhas de montanhas e eu pedirei o mar.
-Não arraste o meu amor em volta,vulcões me derreterão.

A Mãe e o Bebê permaneceram estáticos todo esse tempo,apenas observando."Cabelos dourados, olhos de mel, branca como um inferno em NY, eleita a mais bela de todas",Somente uma mulher saberia descrever esse momento,por isso que o adjetivo apenas como solene.É, chegou a hora desse solene momento.
-Vá meu filho, precisa disso,pois vejo que a indiferença não mordeu seus pensamentos ao ponto de tornar seu sono sem sonhos.

"Mas os cães ladram", pensa o Bebê.Em subsequência vem a resposta: "Deixa ladrar os cães".Então caminha ele, com suas perninhas, dando os primeiros passos, esforçando-se para não cair,para não tropeçar.Olha para trás e vê sua mamãe a chorar.Ele sabe que essa demasiada dor fara bem a ambos."Apresse-se", pensa ele,afinal se não correr o Bardo Irlandês dobrará a rua e será o fim. Por ironia do destino, ou simplesmente por vontade minha, ambos encontram-se.O Bardo para o caminhar, mas não o cantar,agora apenas para de manusear seu violão.Olha fixo para o Bebê, assim como este tambêm faz.Nosso pueril humano tenta balbuciar suas primeiras palavras:
-P...
Desculpem a interrupção,mas uma francesa uma vez me disse que o sofrimento nos ascende ao sublime.É verdade,mas somente quando o superamos.Por isso termino esse conto com vinho francês e queijo:
-Pourquoi viens-tu si tard?

4 comentários:

  1. fiquei com "priguiça" de ler!

    hahaha... mas tenho certeza q deve ter sido um texto phoda!!
    bjos nego

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  2. Eu devo ser muito burro!!! kKkkkkkKKKk...

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  3. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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