sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O meu lugar


O Destino me faz pensar que o controlo, dando-me aquilo que preciso no momento.Mas é tão pouco.Há ocasiões que a abundância nem sempre representa real preenchimento.



Era um dia como outro qualquer, a totalidade estava exatamente no seu devido lugar: A terra realizava sua rotineira rotação, sua anual translação, estática e imperceptível em toda a Via Láctea.Acresce-se a tal estado, as construções e sequelas do ódio e ambição dos residentes desse planeta.Mas dentre todos esses seres, um deles se perguntava,questionando-se o que seria mais importante para ele.O momento tendia para o regozijo em grupo, mas ele preferiu ficar sozinho,sentado em uma livraria a ler sobre uma recente projeção cinematográfica nazista.Finas listras azuis num fundo cinza, como um céu nublado que um dia ele disse ter marchado, com um plano branco que em pouco tempo ele iniciaria a repintá-lo, essas eram as cores representativas de suas vestimentas.

Entorpeceu-se num ambiente underground nunca visto antes.De um repentino e cômico encontro, surge naquele ambiente um homem de camisa vermelha, de falar engraçado,mas envolvente.Um típico francês extraditado no Brasil que se apaixonou em Marseille.Despertamos o riso sobre a minha inexperiência e de todo aquele conhecimento que tanto me interessou, que tanto me cobiçava.Até que então ele me falou da minha inclinação. Foi o marco histórico para o engatinhar de um novo sonho, que já tivera saído dessa úmida e tediosa caverna platônica,porém encontrava-se na entrada, a um último olhar adentro.



Por muito tempo me vi acorrentado por esse cárcere pessoal, em que cogitava que o aconchegante barulho que resultava entre a fusão do fogo e da lenha, aconchegava-me nessa depressiva particularidade.As alegorias passavam, transpassando para a parede da caverna suas imagens distorcidas,sombras do verdadeiros seres que eu nunca chegava a conhecer.Nutriram minha vaga imaginação, estagnando-me igual a um musgo no verão mediterrâneo.

Da mesma trivialidade do dia que já foi citado, passáros surgiram para cantar sobre o mundo real,dispersando toda aquela ilusão num último bocejo tedioso.



O caminho que percorri para chegar aqui não tem relevância para esta ocasião, este,Ela,Ele e os demais já foram citados numa outra dimensão extratextual.Estou aqui neste lugar, no meu lugar,vivendo uma relação que antes era local-local,mas agora passa a ser local-global-local. Tento equalizar a onda impetuosa de objetividade necessária com a jovem subjetividade que amadurece a cada amanhecer.Luto para que essa aberração artificial humana não invada a terra,deformando aquilo que tenho como mais profunda essência.Vou inventar o meu próprio pecado, o meu mal necessário.



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