sábado, 5 de setembro de 2009

Ressalva daquele primeiro Sonho.



MANON-Sequência seguinte, não há mais estrelas e a babacona parou de sonhar. Ela se entope de comprimidos no banco de trás de uma Mercedes. É ela, a pequena de Terminus, a pequena caipira de que todo mundo caçoava, que perdia o cabaço nas piscinas para veranistas efeminados débeis mentais, os quais se davam ao luxo de largá-la por umas putinhas esnobes ainda por cima, a caipira que roia as unhas assistindo a Saga, que tinha inveja de tudo e todos, até das babacas da Star Academy, havia dias em que ela não tinha grana para comprar cigarro, então fumava as guimbas com cara de nojo, ela fumava suas guimbas até o filtro, é ela, a empregadinha do Trying so Hard que limpava as privadas, que estragava as mãos com água sanitária, para quem olhavam de cima, do alto de uma cadeira mesmo ela estando em pé, que era insultada quando estava muito calor, muito frio, ou muito lento, a quem deixavam por piedade alguns euros infelizes de esmola, mas ela nunca mais vai se levantar, a empregadinha, nunca mais vai ficar em pé para ninguém, e ela caga e anda para o mundo inteiro, do alto de tudo que ela ganhou, com suas montanhas de grana e todo o desejo que despertam ela vai à sua entrevista coletiva, a pequena mendiga, a pequena caipira, a pequena garçonete, na sua limusine com ar-condicionado, a qual nem precisa dirigir, enquanto sua assistente lixa suas unhas e um sujeito do tamanho de um armário fica vigiando de cara feia os erotomaníacos em potencial, ela olha para o seu rosto do tamanho de um prédio, translúcido como um ideal, de ambos os lados da estrada, e então bebe que nem um ralo, para esquecer que se enganara de sonho.


Trecho extraído do Livro "Bubble Gum" de Lolita Pille

Ma, adj, poss.: Minha

Non, adv.: Não- negação

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