sexta-feira, 6 de março de 2009

O fim que se antepõe ao suspiro.

Ainda encontro-me aqui, naquela cinzenta estação de trem que os olhos captam e a mente enterra. Abandonei o banquinho, deixei-o para que os outros venham a usufruí-lo com prudência. Observo a geometria dos trilhos. De que devem ser feitos?Cobre ou aço?De ambos, quem sabe. Um olhar estático que nem o mais vivido analista saberia descrevê-lo. Sentado nesta plataforma, com os pés suspensos no ar, mergulhado num mar de incógnitas que se recusam a ser respondidas. Maldito Brejeiro! O que tu és em mim:

-Um garoto com pretensões de homem, ou um homem com a insegurança de garoto?Não posso deixar a correnteza invadir meu baú e expor minha zona abissal ao público, não dessa forma. Voltemos à estação.


Fito o meu relógio, bebo vinho, como queijo e a espero mudar de idéia. Anseio que o seu trem retorne que o seu sorriso possa recolorir esta estação que só reflete cinzas desde sua partida. Por que não se calam? Esses sapos figurantes que coaxam essa irritante coceira cognitiva: “O Sapo não lava o pé. Não lava por que não quer. Ele mora lá na lagoa, não lava o pé, por que não quer! Mais que chulé!”. Quando a emoção sobrepõe a razão é trivial que nasça a discrepância. É por isso que divinizo a Epifania. Deusa dos sonhadores que traz a balança para tal contrastante casal.

-Oh, Epifania!Ilumina com fendas de luz esse tenaz céu... Cinzento.


O ambiente não muda. Não caro leitor, não sou romanesco a este ponto. Sei o porquê de não vir as cores. Dizem que tenho medo. É fato. Desconheço esse universo que suicidou Romeu e Julieta. Eu sei minha garota tupiniquim, acredito que tenhas mudado de idéia e se teu trem não retorna, é por que eu ainda penso que a amo às vezes. Quanto a essa fúnebre atmosfera, rezarei uma missa e para esses sapos, moscas o serviram. Não preciso que eles me enfadem com algo já sabido.


Agora de pé em meu jardim. Sinto o aconchegante vento que precede o inverno. As folhagens dançam alegremente com o ar, transpassando com o seu alaranjado uma sensação cálida e inebriante. Todos convergindo em um só pensamento: É chegado o inverno.

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