Foi realizado no sábado do dia 14 de maio de 2011 a primeira visita ao presídio feminino do Serrotão em Campina Grande-PB. A visita faz parte de um conjunto de ações sociais organizadas pelo Programa de Direitos Humanos (PRODIH), da Universidade Federal de Campinha Grande, Centro de Ciências Jurídicas e Sociais, voltadas a educação de gênero para as mulheres do cárcere, de modo a lhes fornecer uma cidadania participativa. Foi constatado um presídio de estrutura precária, sendo dividido em dois blocos paralelos, um onde se localizam os setores administrativos e o outro espaço reservado as apenadas - composto pela cozinha, refeitório, uma escola e as celas. Permeia entre ambos os blocos uma área para banho de sol com um terreno arenoso desnivelado com poucas árvores, ervas daninhas e um pátio coberto. Infere-se, então, que tal estabelecimento não possui condições para efetivar o principal objetivo do estabelecimento: A reflexão do delito cometido e a ressocialização dos presos.
O intuito dessa visita foi estabelecer um primeiro contato com a vivência restritiva dessas mulheres dentro do presídio, bem como sua história de vida, o que será feito de forma gradativa com as visitas subsequentes. Assim, houve uma preocupação de conhecê-las sob uma perspectiva mais humana e também o interesse de proporcionar-lhes uma possibilidade de redescobrir sua identidade- característica que se degenera dentro da cadeia devido às insalubres condições estruturais e funcionais.
A temática utilizada para essa ocasião foi um comemoração ao dia das mães, uma vez que, como constatado, não houve qualquer tipo de celebração da referida data. A visita, iniciada às nove horas da manhã e findada, aproximadamente, às quatro da tarde, foi dividida em duas etapas. Na primeira, houve a apresentação do programa pelos dirigentes do presídio e coordenadores e orientadores do projeto, traçando uma conversa sobre problemáticas enfrentadas pela casa e acerca do que seria trabalhado naquele dia, respectivamente. Importa salientar que as apenadas se portaram receosas durante boa parte do discurso, vez ou outra olhando para o grande portão da entrada. O motivo de tal posição, posteriormente descoberto, foi decorrente do procedimento metodológico unilateral utilizado por muitas instituições de ensino, o qual consiste na mera compilação de dados e informações necessários sem fornecer a tais mulheres qualquer forma de retorno.
Em seguida, houve a divisão em dois grupos entre as presas e os extensionistas a fim de serem realizados os trabalhos previstos. Era eminente a necessidade de se criar entre os presentes um vinculo, por mais tênue que fosse, por se tratar de um pressuposto indispensável para o sucesso da atividade. Afinal, não seria possível conhecer e analisar de forma abrangente a vida de cada uma se elas não se sentissem a vontade para tanto. Para isso, foi realizada uma dinâmica em que cada um dos integrantes do grupo falaria seu nome, lugar de nascimento e características particulares de sua vida ou personalidade, podendo, ainda, cada um fazer perguntas aos demais sobre quaisquer dúvidas. Sempre quando perguntadas sobre o que mais lhes fazia falta desde a restrição da liberdade, a resposta era unânime: Os familiares. Muitas respondiam, também, que se firmavam em Deus na esperança de poderem sair o quanto antes pelo portão do presídio de volta para suas vidas. Foi averiguado durante essa etapa determinados aspectos relevantes, a saber: O presídio possui sessenta e uma presas, sendo quarenta e nove provisórias e treze condenadas. Dentre delas, apenas trinta e cinco participaram da atividade, posto que foi facultado a elas a escolha de participar da atividade pela diretoria do presídio. A faixa etária das apenadas é diversificada. Há presas com mais de sessenta anos, todavia prepondera a idade entre dezoito e quarenta anos. Quanto a seu nível de escolaridade, a maioria não tem o ensino médio completo, contendo ainda em ínfima proporção presas com nível superior. Há também a presença de mães com seus filhos em período de amamentação. Outro aspecto a se enfatizar foi naturalidade entre as detentas quanto a relação homoafetiva dentro do presidio.
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