sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
2010 em 3 ...
Nestes cinquenta anos não parece que os governos tenham feito pelos direitos humanos tudo aquilo a que, moralmente, quando não por força da lei, estavam obrigados. As injustiças multiplicam-se no mundo, as desigualdades agravam-se, a ignorância cresce, a miséria alastra. A mesma esquizofrênica humanidade que é capaz de enviar instrumentos a um planeta para estudar a composição das suas rochas, assiste indiferentemente à morte de milhões de pessoas pela fome. Chega-se mais facilmente a Marte neste tempo do que ao nosso próprio semelhante. Alguém não anda a cumprir o seu dever. Não andam a cumpri-lo os Governos, seja porque não sabem, seja porque não podem, seja porque não querem. Mas também não estão a cumprir o seu dever os cidadãos que somos, que não reparamos que nenhuns direitos poderão subsidir sem a simetria dos deveres que lhes correspondem, o primeiro dos quais será exigir que esses direitos não só reconhecidos, mas também respeitados e satisfeitos. Não é de esperar que os Governos façam nos próximos anos o que não fizeram nestes que comemoramos. Tomemos então, nós, cidadãos comuns, a palavra e a iniciativa. Com a mesma veemência e a mesma força que reivindicarmos os nossos direitos, reivindiquemos também o dever dos nossos deveres. Talvez o mundo possa começar a tornar-se um pouco melhor.
José Saramago, do discurso do Brinde do Prêmio Nobel de Literatura.
Façamos de 2011 um Ano Melhor!
2010 em 2 ...
Peixes são iguais a pássaros
Só que cantam sem ruído
Som que não vai ser ouvido
Voa águias pelas águas
Nadadeiras como asas
Que deslizam entre nuvens
Peixes, pássaros, pessoas
Nos aquários, nas gaiolas,
Pelas salas e sacadas
Afogados no destino
De morrer como decoração das casas
Nós vivemos como peixes
Com a voz que nós calamos
Com essa paz que não achamos
Nós morremos como peixes
Com amor que não vivemos
Satisfeitos? mais ou menos
Todas as iscas que mordemos
Os anzóis atravessados
Nossos gritos abafados
Peixes, pássaros, pessoas
Nos aquários, nas gaiolas,
Pelas salas e sacadas
Afogados no destino
De morrer como decoração das casas
Nós vivemos como peixes
Com a voz que nós calamos
Com essa paz que não achamos
Nós morremos como peixes
Com amor que não vivemos
Satisfeitos? mais ou menos
Todas as iscas que mordemos
Os anzóis atravessados
Nossos gritos abafados
2011 em 1 ...
Caro leitor, eu não sei qual o norteamento do seu estado, muito menos quais alegrias e problemas que carrega consigo. Mas se há problemas e eles são os responsáveis por essa merda de vida, não se exaspere por uma solução imediatista, pois elas são mera ilusão publicitária. Antes de tudo, você deve se lembrar que estamos a algumas horas do fim do ano. É normal que perguntas como “o que eu fiz do meu ano, da minha vida?”, enfim, incógnitas sobre aquilo que queríamos e não fomos e sobre aquilo que fomos, mas não queríamos. Dialeticamente, nenhum problema é sem solução. Tudo bem que ela, a solução, depende de nós pra existir. Tudo bem que ele, o problema, também depende de nós para terminar. Mas é justamente nesse aspecto que reside a dialética. Quando se pensa demais em uma coisa, independente de qual seja, nós a engrandecemos e, muitas vezes, nos diminuímos diante dela – principalmente se for algo ruim, basta à simples manifestação do pessimismo, para que se altere todo um estado de equilíbrio.
“De tempo ao tempo”, é o que normalmente se diz nessas situações. Do tempo inicial, quando criança, avistamos uma escada, mesmo sem saber o que ela era, fitando-a com curiosidade, por vezes, tentamos entendê-la com o tato, e como alpinistas, ela era escalada, mas caímos de novo para o alicerce. Afinal, ainda não era a hora. Então, veio a adolescência, e a necessidade de subi-la imiscua-se ao desejo de se arriscar, de viver com seus próprios pés, independente de tudo e de todos. No turbulento fim desse período, ainda não sabemos o que é “a felicidade”, mas nós a queremos conosco, mesmo sabendo que ela não é um objeto venal. E o tempo, mais uma vez ele, nos ensina que a felicidade é um estado (inter) pessoal que se desbrava e se conquista. Que cada vez que subimos um degrau, muitas vezes firmemente, alegre e com confiança, já outras vezes vacilante, arredio e inseguro, mas sempre a subindo, parece que estamos mais próximo desse nosso eterno e mutável conceito de felicidade. Dessa forma, não pare de subir, não se acomode e deixe alheio os momentos e as experiências que cada degrau traz consigo. É só mais uma fase que as estações trazem, assim como as outras, ela vai passar. Diga “sim”, em aceitação a vida, pois milagres acontecem todos os dias, você só não percebe que eles são milagres porque não acredita que eles sejam.
Feliz 2011!
Rétrospective
(Mesmo os pássaros que possuem asas para voar no céu, reconhecem o tempo de construir seu ninho)
(Se você estiver muito atrasado, eu esperarei minha vida, mas quando você vier, por favor, meu amor, coce minhas costas.)
(Eu devo ser capaz de algo, mas meus limites me fazem sentir incompetente)
domingo, 26 de dezembro de 2010
O que é o amor, então?
Sua voz, seus olhos.
Suas mãos, seus lábios
Nosso silêncio, nossas palavras.
A luz que vai. A luz que volta.
Um único sorriso entre nós.
Na busca por conhecimento,
eu assisti a noite criar o dia,
enquanto nós parecíamos inalterados.
O amado de todo. O amado de um só.
Sua boca silenciosamente prometeu estar contente.
"Fora, fora", diz o ódio.
"Mais íntimo, mais íntimo", diz o amor.
Uma carícia nos conduz à nossa infância.
Vejo aumentando a forma humana
como o diálogo de amantes.
O coração tem só uma boca.
Tudo por casualidade.
Todas as palavras sem pensamento.
Sentimentos à toa.
Homens vagam na cidade.
Um relance, uma palavra.
Porque eu amo você.
Tudo se move.
Temos que avançar para viver.
Aponte direto para frente,
para aqueles que você ama.
Eu fui direto para você,
eternamente rumo a luz.
Se você sorrir, me envolve tudo do melhor.
Os raios de seus braços perfuram a névoa.
Alphaville, Jean-Luc Godard.
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Fuckin' mom of the year!
Ela faz aquela mágica com os olhos. Faz eles brilharem, fascinando quem os adentra.Mas não é o suficiente, impera ainda seu sorriso.Começa tímido e singelo, e então cria forma.Torna-se torto, beato, ampliando-se por toda face.E com uma feição astuta, de um insólito mistério, ainda indecifrável,essa quimera realmente prova que desafia o destino. Mas, mesmo assim, ele sempre vai te alcançar, Nancy. Nancy Botwin.
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Viva!
No boteco ideal, com uma roda de amigos certos, todos em uníssono , a cantar um velho samba, transparece a eufórica alegria de olhos de caipirinha e sorrisos de tira gosto. Uns pela boemia da prática, outros para esquecer e curar o sofrimento do dia a dia que sempre volta. Mas todos juntos - ah, sim! - , todos juntos para comemorar a alegria de se viver. Porque se não fosse isto, “melhor era tudo se acabar”!
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Pai, afasta de mim esse... Cale-se?
domingo, 12 de dezembro de 2010
sábado, 11 de dezembro de 2010
The relative power of humanity
I'm livin' in the 21st century
Doin' something mean to it
Do it better than anybody you ever seen do it
Screams from the haters, got a nice ring to it
…
No one man should have all that power
The clock's tickin', I just count the hours
Stop trippin', I'm trippin' off the power
'Til then, fuck that, the world's ours
…
Now this'll be a beautiful death
Jumpin' out the window
Lettin' everything go
Lettin' everything go
…
You got the power to let power come
My Boy Build Coffins-Florence and The Machine
My boy builds coffins with hammers and nails
He doesn't build ships, he has no use for sails
He doesn't make tables, dresses or chairs
He can't carve a whistle cause he just doesn't care
My boy builds coffins for the rich and the poor
Kings and queens they've all knocked on his door
Beggars and liars, gypsies and thieves
They all come to him 'cause he's so eager to please
My boy builds coffins he makes them all day
But it's not just for work and it isn't for play
He's made one for himself
One for me too
One of these days he'll make one for you
My boy builds coffins for better or worse
Some say its a blessing, some say its a curse
He fits them together in sunshine or rain
Each one is unique, no two are the same
My boy builds coffins and I think it's a shame
That when each one's been made, he can't see it again
He crafts everyone with love and with care
Then its thrown in the ground and it just isn't fair
My boy builds coffins he makes them all day
But it's not just for work and it isn't for play
He's made one for himself
One for me too
One of these days he'll make one for you
“The song is about death being the great equalizer. Everyones going to die and then we shall all be in a coffin made by the same guy. We spend our whole lives trying to seperate ourselves and trying to put ourselves above others but in the end we all end up the very same. And the coffin builder knows this and thats why he only builds coffins, because he knows thats the only thing that he can give to everyone no matter who they are.”.